Substância do cacau é aliada contra infarto
Composto combateria doenças comuns e estimularia cérebro.
Nem mesmo os maiores chocólatras do mundo poderiam imaginar que o objeto de sua gula pudesse conter uma substância com grande potencial medicinal.
Mas, agora, cientistas isolaram do cacau um composto com benefícios para a saúde tão significativos que poderia rivalizar com os anestésicos e a penicilina em termos de impacto em saúde pública.
A substância existe apenas em pequenas quantidades no chocolate. Por isso, não adianta se empanturrar do doce com a crença de que será benéfico. Somente o composto puro mostrou ação. As afirmações dos pesquisadores são baseadas em observações do povo kuna, do Panamá. Cada kuna bebe mais de 40 xícaras de cacau por semana.
Norman Hollenberg, professor de medicina da Universidade de Harvard, ficou quatro anos entre os kuna e descobriu que as doenças que mais matam no mundo — derrame, infarto, câncer e diabetes — afetam apenas um em cada dez kunas.
Alimento industrializado não tem benefícios do cacau natural, antes de ser refinado, contém altos níveis de epicatecina. Essa substância, segundo Hollenberg, é tão importante que deveria ser considerada uma vitamina. A epicatecina já era conhecida, mas Hollenberg diz que sua importância nunca foi devidamente reconhecida.
Num artigo na revista “Chemist and Industry”, ele e outros cientistas de Harvard defendem que a substância seja estudada a fundo, dado o seu potencial.
— A relação entre alto consumo de epicatecina e a redução de doenças letais é tão impressionante que deveria ser melhor investigada — disse. A epicatecina é um flavonóide.Também existe em chá, vinho, chocolate e algumas frutas e legumes. Porém, o cacau tem a maior concentração. Normalmente, a substância é eliminada dos alimentos industrializados porque os flavanóides têm sabor amargo.
O chocolate escuro retém parte do composto. Em testes de laboratório, ele aumentou o fluxo de sangue para o cérebro, o que levou à tese de que também melhora a memória e o raciocínio.
(Jeremy Laurance, de Londres) (O Globo, 13/3)
Fonte: Jornal da Ciência. SBPC: www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=45231. Acessado em 14.05.2009.